Centro de Apoio à Pessoa em Luto

sábado, 14 de fevereiro de 2009

(In)finitudes

Há coisas infinitas que duram no tempo finito...

Por algum motivo ainda não debruçado pela minha parte, esta frase tem passeado nos meus pensamentos nestes últimos dias e decido por isso partilhá-la convosco e dar lhe algum significado.
E já que me remeto para significados, talvez começe mesmo por aí....começar por aquilo que significa significado.
Creio que existirá consenso se disser que ao serem construídos significados, que irão ser atribuídos às experiências vividas, o Homem constitui a sua forma de agir, de sentir, de ver, e a sua forma de ser em relação a tudo o que seja importante para ele.

Um mundo desprovido de significados, parece-me pois um mundo imaginável e sofrido, sofrido como o não sentido e não aparente significado do morrer corporal de quem amamos (que terrível vivê-lo, que terrível senti-lo).
A amputação existencial de alguém que gostamos parece realmente deixar-nos fora da órbita de tudo o que possa ter sentido, pois, na realidade, o viver até aquele momento significava, entre muitas coisas, a existência da pessoa falecida.
E agora?
Pouco a pouco, agora é tempo da dolorosa adaptação aos dias sem o tal outro querido, aos tais dias cinzentos. Pouco a pouco, agora é tempo de conferir um significado para a perda (Como cresci com ele/a? O que ganhei com ele/a? O que aprendi com ele/a? O que quero ser agora sem ele/a? O que não quero ser depois de tudo o que ele/a me ensinou? Quero eu ser feliz? Deixarei-me ser feliz?....).

Parece tarefa complicada realmente...no entanto, será importante o passinho a passinho, mas o andar em frente nesta mobilização de sentido!

O que vivemos com a pessoa querida será eterno enquanto existirmos, pois tudo o que vivemos com ela, traduzir-se-á agora na mobilização de todas as aprendizagens que realizámos com ela e em todo o potencial que passamos a ter para continuarmos a sermos grandes...o que nós quisermos.

Vamos aproveitar o que essa pessoa nos deixou de bom e vamos eternizá-la com a nossa felicidade por ela ter existido na nossa vida!
Agora faz-me também sentido dizer:
Há coisas finitas que duram no tempo infinito.


Até sempre.


André Viegas

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