Centro de Apoio à Pessoa em Luto

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Feliz natal... (dentro dos possíveis...)



Hoje é dia de reunião com os familiares, é dia de cada casa ter uma festa... será? Nós que trabalhamos nesta área, nós que lidamos com esta realidade tão dura sabemos que não. Há casas onde hoje há dor de solidão, de saudade, pela perda de alguém querido....


Nós próprios que cá trabalhamos também temos alguma dessa dor, já perdemos alguém que era "especial" para nós, ... , também hoje como todos os dias dói...


A Apelo nasceu exactamente para que estas dores fossem atenuadas, e é isso que tentamos fazer, não ainda da forma que desejamos, com um espaço para vos receber dignamente mas com os corações cheios de compreensão pelas vossas dores...


Com esta mensagem de hoje, reforçar a ideia de que nós estamos aqui para e por vocês, hoje como todos os dias.


Dentro do que é possível, a todos os níveis, social, psicológico, etc, desejamos que tenham um FELIZ NATAL com a esperança de que o Sol nasce todos os dias e para todos....


Beijo e abraço forte...

domingo, 21 de dezembro de 2008

Bater do coração


(...) Finitamente, podemos amar infinitamente, incondicionalmente e, aí, não há espaços e regras delineadas no demonstrar coisas que, se controlássemos, durariam no tempo e no espaço para sempre…ai é o vale tudo do coração que quer aceleradamente bater (...).

Não somos assim tão donos do tempo e espaço que temos. A partir do momento em que há o deparar com a perda, percebemos que, afinal…afinal fica um espaço interno estrondosamente vazio, num vácuo oco que já não podemos preencher.

Estas palavras escrevo a todos os que certamente souberam amar bonitamente até ao fim (fim físico e não emocional) aquela pessoa que, no tempo e no espaço possível, soube depositar a semente do saber fazer, do saber estar e, essencialemente, do saber Ser.

Na agenda do coração, haverá tempo vasto para recordar aquilo que continuará a ser para sempre aquele(a) que partiu…os reencontros que aí se darão, durarão o tempo que quiserem, e ouvirão, sem cessar, um Obrigado…um gosto de ti para sempre!
Apesar dum contigo mas sem ti, reencontrarão o seu sorriso e agradecimento em todas aquelas pessoas que irão dar a mão.


Até Sempre.


André Viegas

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Desamparo


"Os homens têm de confrontar-se com o seu medo e desamparo. Só assim podem eles tomar consciência da sua raiva e das verdadeiras razões desta. Só nesse caso podem concentrar-se nos aspectos específicos da sua vida que provocaram o dilema. Aí é que serão capazes de se libertarem da sua sensação de desamparo. A aceitação do desamparo leva a que a pessoa se veja encaixada no mundo como uma parte de um contexto vital maior, em vez de o definir como uma fraqueza."


Arno Gruen




quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Avessos simbólicos de aprendizagens


"A vida pode ser comparada a um bordado que no começo da vida vemos pelo lado direito e, no final, pelo avesso. O avesso não é tão bonito, mas é esclarecedor, pois deixa ver como são dados os pontos".



Parerga and Paralipomena, Schopenhauer, vol. 1, p.482, cap.6: "On the diferents Periods of Life referido por Yalom, I., (2006), "A Cura de Schopenhauer".




Sugestões de leitura para este Natal:


-Quando Nietzche Chorou, Irvin Yalom



-A cura de Schopenhauer, Irvin Yalom



- De olhos fixos no sol, Irvin Yalom





Até sempre.


André

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A paz dos nossos dias

A paz dos nossos dias

Foi o paz que nos foi roubada? Ou agora a paz dói e tornou-se a pior inimiga? O silêncio que invadiu os nossos ouvidos e os faz doer. Seremos nós capazes de lidar com a solidão? Ou saberemos nós estar acompanhados no meio da multidão? A mesma paz que me fará renascer das cinzas amanhã é aquela que nos faz arder hoje.

A força de levantar o queixo e prosseguir virá das pequenas coisas, dos pequenos gestos, dos pequenos sorrisos,

É a paz de encontrar a verdadeira paz que nos falta...

Não é fácil. Não é fácil perceber.













quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Tem sempre presente que a pele se enruga,
O cabelo embranquece,
Os dias convertem-se em anos…
Mas o que é importante não muda;
A tua força e convicção não têm idade.
O teu espírito é como qualquer teia de aranha.
Atrás de cada linha de chegada, há uma partida.
Atrás de cada conquista, vem de novo um desafio.
Enquanto estejas vivo, sente-te vivo.
Se sentes saudades do que fazias, volta a fazê-lo.
Não vivas de fotografias amarelecidas…
Continua, quando todos esperam que desistas.
Não deixes que enferruje o ferro que existe nem ti.
Quando não consigas trotar, caminha.
Quando não consigas caminhar, usa uma bengala.
Mas nunca te detenhas.

Madre Teresa de Calcutá


As flores renascem em todas as primaveras, o sol nasce todas as manhãs, vai haver sempre alguém para nos ouvir, a eternidade mora no nosso coração.

por: Andreia Ribeiro

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Espaços transformadores

" Só no lugar onde as coisas morrem é que pode haver ressuscitação."


(autor desconheçido)

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Era uma vez o dia em que te perdi.



Era uma vez um dia sem ti …Era uma vez, um dia que não deveria ter sido mapeado na história, o dia em que perdi quem tanto fazia parte de mim!






São vários os envelopes psicológicos que nos ajudam a mapear as questões da perda de outrem, panos de fundo que nos remetem para continentes desvinculativos onde, corpusculosamente agregados, desagregamo-nos numa aparente geração espontânea de desertificação psicológica, onde o aqui e o agora congelam em patamares friamente desafiantes, num caminho de continuidade no ali e no depois.
Nenhum dizer académico jamais se aproximará do ser especialista em sofrimento, neste caso específico, do ser especialista na crua dor psicológica de um processo de luto.
Desafiado a participar no processo de socialização, o Homem é confrontado com vicissitudes que limitam o seu saber estar bem nas (longas) horas da vida. Qualquer tipo de socialização implica, não poucas vezes, transacções afectivo-emocionais que podem constituir vínculos inquestionáveis e, por isso, predispõem o sujeito a um futuro sentir falta perante a falência psicológica e/ou física (morte) de um outro significativo.
Quase inquestionavelmente, o Homem socializará até ao seu fim corpuscular e, nesta matéria, fará sentido, posteriormente à perda, um entrelaçar da(s) experiência(s) de dor com outros agentes socializados em territórios de perda(s). Conjuntamente, constitui-se essencial o caminharem na construção de um reconstituir de representações mentais do perdido com esboços de lábios que sorriem e que recordam o outro, não só fazendo um basear no doloroso rasgão da desligação mas, num sentir aproximado ao "ainda bem que passaste pela minha vida".
A decisão de tentar dar alguns passos nesta área, partiu da minha sensação de falta de movimento, falta de vida (desertos psicológicos) e do desejo de compreender para poder iniciar em breve o trabalho de apoio psicológico/psicoterapêutico (individualmente e em grupo) com mundos desta índole, onde começo a envolver-me como moderador de grupos de entreajuda na Capelo de Lisboa (confesso que poderá estar também presente algum movimento pessoal próximo da sublimação que me permita, psicologicamente, prevenir primariamente futuras perdas e pensar estas coisas).


Considero pois que será de considerar como um objectivo para os grupos, o tentar manusear as dimensões psicológicas da pessoa em processo de luto com, e, sobretudo, os benefícios apaziguadores de grupos de entreajuda.




Até Sempre!




André Viegas

Para Sempre...

- Esta noite... Vê lá se percebes... Não venhas comigo.
- Vou! Vou! Não te quero abandonar!
- Mas há-de parecer que me dói muito... Há-de
parecer que eu estou a morrer. Tem de ser assim.
Não venhas ver uma coisa dessas que não vale a
pena.
- Vou! Vou! Não te quero abandonar!
(...)
- Fizeste mal. Vais ter pena. Vai parecer que eu
estou morto e não é verdade...
Eu continuava calado.
- Percebes?... É que é muito longe e eu não posso
levar este corpo... É pesado de mais...

O Principezinho, Saint-Exupéry

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Para pensar...

Tome um sorriso
e ofereça-o a quem
nunca o recebeu.
Tome um raio de sol
e faça com que atinja
a escuridão da noite.
Descubra uma fonte
para lavar
quem vive no barro
Demarre uma lágrima
para colocá-la no rosto
de quem nunca chorou.
Pegue na sua coragem
e coloque-a no espirito
de quem não sabe lutar.
Descubra a vida
e narre-a a quem
não consegue entendê-la.
Retome a esperança
e viva sob sua luz.
Tome a bondade
e dê-a de presente
a quem não sabe doar.
DESCUBRA O AMOR
E FAÇA COM QUE O MUNDO O CONHEÇA.

Mahatma Ghandi

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A Dança de Paula Rego


Hoje é um dia de expectativas... ansiosamente a equipa e os membros preparam-se para o nascimento do primeiro grupo de entre-ajuda em Lisboa.
Interrogações surgem, curiosidades aguçam-se á medida que o tempo aproxima... neste momento só nos resta esperar.
Quando acordei e após falar com uma das membros que não poderia estar na reunião, lembrei-me de uma pintura da Paula Rego, denominado "A Dança".
Para quem neste momento olha para o quadro, cedo percebe que uma mulher se destaca, a maior de todas, sozinha, que continua apesar disso embalada ao som da música.
Ela perdeu o homem que amava, que a podia acompanhar nesta dança, e quiçá em todas as outras que a vida nos proporciona, mas cresceu... cresceu sem parar na sua individualidade, porque neste momento o seu coração alberga não só a ela, mas também ao marido.
É neste momento que perguntamos... quando é que o nosso coração irá crescer também?
Nota: A obra de Paula Rego encontra-se exposta em Algés, no Centro de Arte Manuel de Brito - Palácio dos Anjos - Alameda Hermano Patrone, do dia 03-10-2008 a 18-01-2009.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Os 10 mandamentos para quem está de luto

1º - Aprender a desprender-se
Desprender-se significa, criar espaço entre a morte, a pessoa falecida e o desafio de levar adiante o próprio projecto de vida. Implica a capacidade de libertar os sentimentos que nos ligam à pessoa, mas também a responsabilidade de assumir os medos e esperanças que pertencem a nós.

2º - Comunicar o que sente
A morte acaba com a vida mas não com o relacionamento. E não se trata apenas de comunicar a alguém a estima, os ressentimentos ou os pensamentos ligados ao relacionamento, mas também os sentimentos que surgem da situação presente, da solidão, da incerteza.

3º - Tomar decisões
Quem é atingido pelo luto tem o poder de escolher se vai sentir-se vítima dos acontecimentos ou se vai desenvolver um comportamento de realismo sadio; se fugirá da realidade ou se irá enfrentá-la. O passado não pode ser mudado: o que se pode fazer é começar a executar agora, com coragem e boa vontade o que não fizemos ontem. A pessoa deve decidir viver e não simplesmente existir.

4º - Ser paciente consigo mesmo
A paciência é uma virtude difícil de cultivar, seja pelas crianças seja pelos adultos. Se as coisas não melhoram rapidamente é fácil abandonar-se ao desespero. As expectativas irracionais frustram o processo de recuperação. Não é fácil ser paciente consigo mesmo e com as mudanças: o esforço em assumir novas tarefas requer capacidade para relativizar os problemas e aceitar os erros, e também força para suportar as frustrações e a solidão.

5º - Aprender a perdoar
O sentimento de culpa e a necessidade de perdoar acompanham muitas experiencias humanas, especialmente as que permanecem inacabadas. Perdoar-se quer dizer aceitar as próprias imperfeições, fazer as pazes consigo mesmo e canalizar o sentimento de culpa para melhorar o presente. Quem suporta o luto deve também aprender a perdoar ao próximo os seus comentários insensíveis, as suas acções erradas ou a indiferença e desatenção que revela. Às vezes nós não percebemos até que ponto a outra pessoa está a sofrer.

6º - Recorrer à própria fé
Seja qual for o credo ou religião, o sofrimento quando tem significado é mais suportável. O impacto inicial com a morte abala a fé. É um acontecimento "fora de propósito" que rompe com a familiaridade do quotidiano e com os projectos pessoais. A fé não protege da dor, mas ajuda a enfrentá-la; não a explica mas inspira a fazer-lhe face de uma maneira positiva; não a absolutiza, mas ajuda a redimensioná-la por meio de propostas de esperança e convites à solidariedade.
7º - Crer em si mesmo
A confiança em si cresce à medida que a pessoa descobre aquilo que a ajuda a curar-se e a sentir-se melhor. Escrever um diário, ocupar o tempo em leituras ou frequentar cursos estimulantes, viajar, desenvolver um hobby são iniciativas que levam a um maior conhecimento próprio, colocando em acção as potencialidades pessoais, ampliando os próprios horizontes.
8º - Estabelecer novas relações
Cada perda representa uma separação de uma parte de nós mesmos. Quem perde o pai ou a mãe chora a perda do passado; quem perde um cônjuge lamenta a perda do presente; quem perde um filho chora a perda do futuro. Essas lacerações interiores superam-se na medida em que os sobreviventes conseguem romper o próprio isolamento e dirigir a outros a sua capacidade afectiva. A finalidade de novos relacionamentos não é superar a solidão, mas reduzi-la.
9º - Voltar a sorrir
A perda de um ente querido causa tristeza, mas isso não significa que as pessoas de luto sejam condenadas à infelicidade pelo resto dos seua dias. O sorriso ajuda a temperar a dor e a descobrir espaços de alegria e de optimismo na vida quotidiana. O sorriso pode brotar das lembranças e pensamentos que que ocupam a mente, ou de situações engraçadas que a pessoa vivencie. Há tantas razões para choraqr como para rir na vida e, no fundo, há sempre um pouco de comédia nas nossas tragédias, e um pouco de tragédia em nossas comédias.
10º - Começar a doar
O voluntariado, a inserção em grupos caritativos, o envolvimento em algum projecto de ajuda a individuos ou a grupos de pessoas necessitadas constituem diferentes modalidades para colocar em segundo plano as suas próprias amarguras e derramar sobre os outros o bálsamo do amor e da solidariedade. A percepção de que alguém precisa de nós, de nos sentirmos úteis para a vida de alguém dá novo sentido à nossa própria existência.
(adaptado do livro "Conviver com a perda de uma pessoa querida" autor Arnaldo Pangrazzi)

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Porque ainda existe um sonho...

É com tristeza que publico neste blog o adiamento da realização do grupo de entre-ajuda de viúvos/viúvas.
Um grupo de entre-ajuda só poderá ser realizado com o mínimo de 5 membros, o que implica não só por parte dos membros o compromisso da sua realização, mas também o respeito de comunicar previamente o motivo da sua ausência.
Mas acima de tudo, é necessário que se consciencializem da necessidade do grupo de entre-ajuda, do motivo porque querem estar presentes, e o mais importante, é se sentem preparados para partilhar algo tão íntimo como é o de perder um cônjuge.
Pela nossa parte, a equipa continua empenhada no nascimento do grupo, adiado para a terceira semana de Outubro (dia 22), porque é obvio que ainda existe um sonho...
Falando de sonhos, não poderia deixar de mencionar Randy Pausch, autor do livro "A última aula".
Randy Pausch, é um homem notável, que após o diagnóstico de cancro maligno, realizou uma última palestra e mais tarde publicou o livro, que me recorda sempre a seguinte frase de Morrie:

"Uma vez que tenhas aprendido a morrer aprendes a viver.”

Link para a palestra com legendagem em português:

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM823551-7823-A+ULTIMA+AULA+DO+PROFESSOR+RANDY+PAUSCH,00.html

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Abertura do Grupo de Entre-Ajuda de Viúvas/Viúvos

É com imensa alegria que declaro este mês a abertura do primeiro grupo de Entre-Ajuda em Lisboa.
Apesar do problema da falta de espaço persistir, não podíamos de maneira alguma continuar á espera, porque nos deparamos dia após dia, com pessoas a sofrer e a necessitar urgente de uma mão, de uma palavra amiga, de ouvir finalmente alguém dizer: "eu compreendo-te", "já passei pelo mesmo", e sentir pela primeira vez uma luz, uma pequena esperança e o alívio de uma dor tão forte e amputante, que é o de perder um cônjuge.
Sem dúvida, que é nos grupos de entre-ajuda que esperamos que o caminho de luto se faça acompanhado e partilhado por pessoas que sentem e passam pela mesma dor.
Para todas as viúvas que vão começar esta jornada connosco e especialmente para quem nos cedeu carinhosamente a sua casa, só podemos continuar a agradecer por ter acreditado em nós.

Anuncio assim, que no dia 23 de Setembro de 2008, começará a nossa primeira reunião do grupo de Entre-Ajuda de Viúvas/Viúvos.

Para mais informações ou se quiserem juntar a este grupo, por favor, contacte-nos!

terça-feira, 22 de julho de 2008

Workshop - Trabalhar o Luto com a Programação Neuro-Linguística (PNL)

Temos o prazer de anunciar que o Capelo de Algarve encontra-se a organizar um workshop de como trabalhar o luto, baseado na programação Neuro-Linguística (PNL).
A Programação Neuro-Linguística é um poderoso instrumento de transformação pessoal, capaz de levar o indivíduo a conhecer-se e relacionar-se melhor, a viver com mais prazer, instalar uma performance de sucesso, superar traumas, medos e inseguranças e dominar a arte de preparar o seu futuro.

Neste workshop pretende-se:

Obter conhecimentos sobre a PNL para lidar com o luto;

Saber identificar crenças que limitam;

Obter outra perspectiva, curar o passado;

Obter congruência e alinhamento pessoal com o processo do luto.

Data:
20 de Setembro de 2008
Inscrições até 8 de Setembro
Horário
09h30 às 18h30
Local
Faro ou Lagos
Destinatários
Profissionais e Estudantes de Psicologia, Enfermagem,
Serviço Social e áreas afins.
Inscrições
As inscrições podem ser enviadas para:
E-mail: algarve@apelo.pt
Fax: 289 804 547
(Data Limite: 8 de Setembro 2008)
Contactos:

Sede
Apartado 573— E. C. do Carmo
8001-999 Faro
Tlm: 914 217 428 / 960 063 376
E-mail: algarve@apelo.pt


GAL-Lagos (Gabinete de Apoio à Pessoa em Luto)
Junta de Freguesia de S. Sebastião
Rua Junta Freguesia Lt 12—r/c
8600-706 Lagos
Telf.: 282 763827 Tlm: 926 485 555
E-mail: capeloalgarve.lagos@sapo.pt



segunda-feira, 7 de julho de 2008

O Luto nas Crianças

Quando alguém que gostamos morre, como adultos temos períodos longos de luto, enquanto os sentimentos de uma criança vão e vêm, podendo transmitir á família a percepção de que superaram o luto.
Mas a verdade é que os sentimentos confusos, as questões que nos colocam sobre a morte e o medo de estarem sozinhos, são sinais de que neste momento mais do que nunca, precisam dos adultos para lhes mostrarem o caminho a seguir.
Quando li pela primeira vez, os direitos no luto de uma criança, reparei curiosamente que elas se aplicam a todos nós… independentemente da idade.


Os meus direitos no Luto
Livro: Healing the Bereaved Child
De Alan Wolfelt’s
1. Eu tenho direito de ter sentimentos únicos sobre a morte.
Eu posso sentir-me zangada, triste, ou só. Eu posso sentir-me assustada ou aliviada. Eu posso sentir torpor ou por vezes absolutamente nada. Ninguém vai sentir o mesmo que eu.

2. Eu tenho o direito de falar sobre o meu luto, no momento que me apetecer falar sobre ele.
Quando preciso de falar, vou procurar alguém que me ame e me vai ouvir. Quando eu não quiser falar, está bem na mesma.

3. Eu tenho o direito de demonstrar os meus sentimentos de luto á minha maneira.
Quando dói, algumas crianças gostam de brincar para se sentirem melhor por algum tempo. Eu também posso brincar ou rir. Eu também posso ficar zangada e gritar. Isto não quer dizer que sou mau, mas que tenho sentimentos assustadores dentro de mim e que preciso de ajuda.

4. Eu tenho o direito de precisar de outras pessoas para me ajudarem no luto, sobretudo das pessoas crescidas que cuidam de mim.
Maior parte das vezes eu preciso que prestem atenção ao que estou a sentir e que digam que me amam independentemente do que acontecer.

5. Eu tenho o direito de me sentir incomodado com os problemas normais do dia-a-dia.
Posso sentir-me irritado e até ter por vezes dificuldade em conviver com os outros.

6. Eu tenho o direito de ter “explosões de luto”.
Explosões de luto são sentimentos súbitos e inesperados de dor, que me atingem ás vezes – mesmo muito depois da morte. Estes sentimentos podem ser fortes e até assustadores. Quando isto acontece, eu posso ter medo de estar sozinho.

7. Eu tenho o direito de usar as minhas crenças em relação ao meu Deus para me ajudar nos meus sentimentos sobre o luto.
Rezar pode ajudar-me a sentir melhor e de alguma forma sentir-me mais perto da pessoa que perdi.

8. Eu tenho o direito de saber como é que a pessoa que eu gostava morreu.
Mas está bem se eu não encontrar uma resposta. As questões do “porquê” sobre a vida e a morte são as mais difíceis de responder.

9. Eu tenho o direito de pensar e falar sobre as minhas memórias da pessoa que morreu.
Ás vezes essas memórias deixam-me feliz e outras triste. Apesar disso, as memórias ajudam-me a manter vivo o meu amor pela pessoa que morreu.

10. Eu tenho o direito de seguir o meu caminho e sentir o meu luto, e ao longo do tempo curá-lo.
Eu vou continuar a viver a minha vida feliz, mas a vida e a morte da pessoa vai continuar a ser uma parte de mim. Vou sempre sentir saudades dele.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

A morte

A morte de alguém que amamos, seja bruscamente ou mesmo anunciada por doença prolongada, é uma amputação de nós próprios. Uma parte de nós morre na morte do ente querido, e a dor que salta dessa separação não tem um sinal inequívoco.
É mágoa, desorientação, dor funda que vem da alma e do coração, que nos tolhe os passos, o pensar, a vontade.
De certa forma, o luto é uma patologia. Uma depressão da qual nos libertamos aos poucos por mecanismos de catarse que nos vão paulatinamente separando o defunto. Todos os rituais fúnebres inscrevem essa estratégia de recuperação. A começar na câmara-ardente com a dissimulação da força corruptora da morte. O defunto está vestido, numa posição de repouso, o cheiro das flores escamoteia possíveis odores putrefactivos, familiares e amigos acompanham-nos com manifestações de afecto e evocações de aspectos da sua vida. Quer a semântica quer estes primeiros sinais de evocação são um principio libertador do luto.
Os ritos de separação são três: o velório, o cortejo fúnebre, o sepultamento. Todos eles se conjugam para provocar uma metáfora de vida, onde a força da ausência é escondida pela objectiva presença do corpo. Na sepultura o epitáfio (e a fotografia) remetem para a ilusão da vida.
Na maioria são escritos em discurso directo, enquanto as fotografias nas lápides mostram vivos, por vezes momentos de felicidade do defunto, outras ingenuamente mentirosas, vendo-se sepulturas de pessoas com 60 anos ou mais com fotografias que tiraram quando tinham 40.
As missas contribuem também para a realização do luto, pois marcam um calendário de separação com o mundo dos vivos. Aquele que descansa em paz, entre o espelendor da luz perpétua, é evocado ao 7º dia, depois ao 30º dia, depois anualmente até ao esquecimento e o retorno á vida o remetem definitivamente para um lugar da memória.
A imortalidade existe na memória dos homens, escreveu Teófilo Braga.
E mesmo para aqueles que acreditam na imortalidade de inspiração divina, não deixa de ser verdade que a memória, onde repousam os nossos mortos, é o canto mais doce da saudade inapagável enriquecendo a vida, entregando-lhe uma dimensão mais espiritual.
A vida é maior que a morte.
(in TVGuia, coluna Piquete, autoria Francisco Moita Flores)

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Bem-Vindos!


O que é o Capelo?

O Centro de Apoio à Pessoa em Luto (Capelo), nasce da necessidade de descentralização da Associação de Apoio à Pessoa em Luto (Apelo), de modo a ajudar quem se encontra a sofrer pela perda de...

Mãe, Pai ou ambos;
Filhos;
Irmãos;
Marido ou Mulher;
Pessoas (amigos e familiares);

ou privação de...

Laços (divórcio, migração, etc.);
Expectativas de afecto (feto abortado ou deficiência de um filho);
Amor próprio (ablação do seio ou amputação de um membro).

Origem do Capelo de Lisboa

O Capelo de Lisboa conhece em finais de Janeiro de 2008, a sua segunda tentativa de estruturação com uma equipa renovada e pronta para arregaçar as mangas, de modo a tornar finalmente real, o apoio a quem mais precisa.
Devido aos obstáculos que nos têm sido colocados na obtenção de um espaço fisico, propomos-vos uma alternativa interessante, o blog.
O blog serve como um lugar de excelência na partilha e reflexão sobre o luto, por isso hoje inauguramos este espaço nosso, esperando conhecer-vos dentro em breve... e vocês a nós.


Até breve, Cíntia Matias e Carla Afonso