"A vida é uma caminhada que se espera que venha a ser longa. Desejamos experimentar que crescemos, que nos tornamos mais conhecedores do mundo, que nos sentimos mais seguros e livres nas nossas emoções, que julgamos com mais sabedoria e tranquilidade tudo o que decorre à nossa volta. Esse é o caminho da vida que ambicionamos ter, e, pela curiosidade incessante que se aloja dentro de nós, todo o tempo disponível nunca é suficiente para o que julgamos indispensável alcançar. O fim do ciclo de todas essas experiências, a morte, constitui-se assim como um espectro assombroso e temido que há que afastar, a todo o custo, do universo do nosso pensamento. Apesar dos quadros de esperança que possamos esboçar para a mantermos longe de nós, a morte procura-nos em qualquer momento. Atravessa todas as estapas da nossa vida e, por isso mesmo, devemos estar preparados para a receber com serenidade. A evolução da vitalidade física, da sabedoria, da inteligência, das emoções e do relacionamento social que se desenrola ao longo da nossa existência condiciona o modo como encaramos a morte nesse percurso: no início da vida, desconhecemo-la; mais tarde, temos dificuldade em atribuir-lhe significado; na adolescência, quando queremos vincar a nossa personalidade, desafiamo-la até; enquanto adultos, tentamos ignorá-la; e, na velhiçe, preparamo-nos para ela."
Rebelo, J. E. (2007). Desatar o nó do luto: Silêncio, Receios e Tabus, 3ª edição, Lisboa, Casa das Letras.
"Num cruzeiro que atravessa os sete mares imensos da vida, entre bonanças de alegria e felicidade e tempestades de tristeza e infortúnios, vogamos na certeza de um porto seguro, o que cimentamos em cada dia que passa, pedaço a pedaço, com a placidez do incansável amor."
Rebelo, J. E. (2009). Amor, Luto e Solidão, 1ª edição, Lisboa, Casa das Letras
Foi com grande entusiasmo que assisti à apresentação do novo Livro "Amor, Luto e Solidão "do Dr. José Eduardo Rebelo.
A quente e agradável tarde que se fazia sentir deu lugar ao passeio das inteligentes palavras do autor e do Dr. Moita Flores que nos convidaram a uma reflexão sobre os territórios da morte, luto, solidão e amor.
Realmente quanto maior for o espaço ocupado pelo outro no nosso ser, maior será a dor da despovoação física deste mesmo outro. No entanto, a morte pode assumir diversas perspectivas, consoante aquelas que o sujeito lhes queira fazer assumir. Será fácil e um pouco doloroso dizer e, sobretudo sentir, que a pessoa querida perdida estará viva enquanto estiver presente nas nossas doces e suaves memórias, no entanto, são estas doces e suaves memórias que nos restam. Como foi dito na apresentação, só o rearranjo deste puzzle de memórias e de sentires no nosso mundo interno, fará com que consigamos realizar novos investimentos afectivos, novos passos em direcção àquilo que será sempre o nosso desejo intrinseco e fiel: sermos felizmente felizes.
Até sempre.
André Viegas
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